quarta-feira, 4 de junho de 2014

Caridade ou castidade?



Um jovem noviço chegou ao mosteiro e logo lhe deram a tarefa de ajudar os outros monges a transcrever os antigos cânones e regras da Igreja.
Ele se surpreendeu ao ver que os monges faziam o seu trabalho, copiando a partir de cópias e não dos manuscritos originais.
Foi falar com o velho Abade e comentou que, se alguém cometesse um erro na primeira cópia, esse erro se propagaria em todas as cópias posteriores.
O Abade lhe respondeu que sempre fizeram assim, há séculos copiavam da cópia anterior, na verdade desde o iníc


io da Igreja, para poupar os originais. 
Mas admitiu que achava interessante a observação do noviço.
Na manhã seguinte, o Abade desceu até às profundezas do porão do mosteiro, onde eram conservados os manuscritos e pergaminhos originais, intactos e com a poeira de muitos séculos.
Pois passou-se a manhã, a tarde e a noite, e ninguém mais vira o Abade. 
O último que o vira informou que ele estava indo em direção ao porão. 
Preocupados, o jovem noviço e mais alguns monges decidiram procurá-lo.
Nos labirintos do mais profundo e frio compartimento do porão, encontraram o velho Abade completamente descontrolado, tresloucado, olhos esbugalhados, espumando e com as vestes rasgadas, batendo com a cabeça já ensanguentada nos veneráveis muros do mosteiro.
Apavorado, o monge mais velho da turma perguntou:
- Mas, Abade, pelo amor de Deus, o que aconteceu?
- IMBECIL! IMBECIL! O primeiro copista era um imbecil! Desgraçado, que arda no Inferno! CARIDADE! ERA CARIDADE!!!! Eram votos de CARIDADE que tínhamos que fazer... e não de CASTIDADE!!!

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“Não é o poder que corrompe o homem. O homem é que corrompe o poder”!