segunda-feira, 15 de junho de 2015

Pela 1ª vez, Vaticano vai julgar um padre por abusos sexuais


Jozef Wesolowski, acusado de pedofilia
O Vaticano anunciou nesta segunda-feira que o ex-arcebispo polonês Jozef Wesolowski vai ser julgado no próximo dia 11 de julho por abuso de menores. Wesolowski, que foi núncio (embaixador) da Igreja Católica na República Dominicana entre 2008 e 2013, será o primeiro padre da história a ser julgado por crimes sexuais pelo próprio sistema judiciário do Vaticano.
"O presidente do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, Giuseppe Dalla Torre del Tempio di Sanguinetto, com o decreto do dia 6 de junho, acolheu o pedido do escritório do Promotor de Justiça e determinou o julgamento do ex-núncio apostólico na República Dominacana Jozef Wesolowski", afirmou o Vaticano em comunicado. "O ex-prelado é acusado de vários delitos, cometidos seja durante sua estadia em Roma desde agosto de 2013 até o momento de sua detenção [em 22 de setembro de 2014], seja no período transcorrido na República Dominicana, durante os cinco anos em que desempenhou o cargo de núncio apostólico", explicou o Vaticano.
Wesolowski foi nomeado núncio na República Dominicana e delegado apostólico em Porto Rico no dia 24 de janeiro de 2008. Depois que os escândalos vieram à tona, ele renunciou a ambos os cargos no dia 2 de agosto de 2013. Ainda de acordo com o comunicado, a Justiça da República Dominicana enviou transcrições de relatos e depoimentos de testemunhas comprovando que o ex-núncio cometeu abusos contra menores no país.
Segundo o Vaticano, a Justiça poderá utilizar "perícias técnicas em equipamentos informáticos usados pelo acusado" ou "formas de cooperação internacional para a avaliação das provas testemunhais procedentes das autoridades dominicanas". Em setembro do ano passado, Wesolowski foi submetido à prisão domiciliar em Roma como medida cautelar por expressa decisão do papa Francisco devido "às graves acusações de abusos de menores na República Dominicana".
Pena - Se condenado, Wesolowski pode pegar até doze anos de prisão. Como o Vaticano não dispõe de um presídio, o ex-arcebispo pode cumprir sua pena em uma cadeia da Itália, em um acordo entre a Santa Sé e o sistema penitenciário italiano. O Vaticano possui um sistema judiciário formal desde 1889, mas estava desatualizado e por isso foi alterado a pedido do papa Francisco, em 2013. Hoje a Justiça do Vaticano inclui uma série de convenções das Nações Unidas que o Estado assinou ao longo dos anos. O novo Código Penal do Vaticano adotou especificidades como lavagem de dinheiro, crimes sexuais, e de violação de confidencialidade e privacidade. A prisão perpétua foi abolida pelo papa Francisco, também em 2013, a pena máxima da Justiça do Vaticano é de 35 anos de prisão.
Além do processo penal que enfrenta no Vaticano, tanto a Justiça polonesa como a República Dominicana apresentaram acusações contra o ex-núncio por pedofilia. O escândalo veio à tona após uma reportagem da jornalista Nuria Piera, que assegurava que Wesolowski pagava para manter relações sexuais com menores dominicanos.
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