sexta-feira, 22 de abril de 2016

Bolsonaro tem direito de homenagear quem quiser, diz viúva de Ustra

Deputado justificou voto a favor de impeachment de Dilma pela "memória do coronel Brilhante Ustra" acusado de tortura durante ditadura militar
Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra tem 79 anos e muitas memórias. Professora aposentada, ela conta dedicar o tempo livre à pesquisa sobre a história do Brasil, em especial sobre a ditadura militar, período durante o qual seu marido foi um dos personagens principais ─ e também uma das figuras mais controversas.
Maria Joseíta foi casada com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Chefe do DOI-Codi de São Paulo, ele foi acusado pelo desaparecimento e morte de pelo menos 60 pessoas. Outras 500 teriam sido torturadas nas dependências do órgão durante seu comando. Único militar considerado torturador pelo MPF (Ministério Público Federal), Ustra morreu de câncer aos 83 anos, em outubro do ano passado.
No último domingo(17), Ustra voltou ao debate nacional após ter sido homenageado pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) durante votação pela aprovação da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
“Fiquei profundamente emocionada”, disse Maria Joseíta em entrevista àBBC Brasil . “Ele foi de uma felicidade muito grande”, acrescentou.
A menção ao torturador feita por Bolsonaro provocou forte reação de indignação manifestada principalmente nas redes sociais. Mais de 17 mil pessoas reclamaram da conduta do deputado diretamente à procuradoria-geral da União, que prometeu analisar os pedidos.
Por outro lado, a principal página no Facebook relacionada ao coronel Ustra ganhou quase 3 mil curtidas em três dias.
Muitos comentários alegam que a homenagem feita por Bolsonaro seriam equivalentes às referências elogiosas, feitas por um outro deputado, Glauber Braga (PSOL-RJ), ao votar contra o impeachment, a Carlos Marighella, morto por organizar resistência ao regime militar.
BBC Brasil


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