sábado, 2 de abril de 2016

PF acha prova de que Lula, presidente, atendeu a pedido de lobista da Odebrecht

Época
Em um ato rotineiro, em dezembro de 2009 Cleantho de Paiva Leite Filho, diretor comercial da Braskem no México, enviou um e-mail pedindo ajuda a Roberto Prisco Ramos, seu colega de trabalho na empresa petroquímica controlada pela empreiteira Odebrecht. Naquele fim de ano, ao saber do teor da conversa, Ramos rapidamente encaminhou o pedido a outro colega, mais bem posicionado para resolver a questão, chamado Alexandrino Alencar. Diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino tinha os contatos certos. “Preciso de sua ajuda em relação a este tema. Dar uma força para que LILS aceite um convite especial do Calderon e vá ao México no início de fevereiro”, dizia o texto de Ramos. Alexandrino era o homem da empresa designado para as relações com LILS – hoje a sigla que denomina uma conhecida empresa de palestras; na ocasião, era a sigla para Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente da República.
Em miúdos, a Odebrecht queria muito que LILS – para ela; presidente Lula, para os brasileiros – estivesse no México com o então presidente do país, Felipe Calderón, em uma reunião para assinatura de um contrato da Braskem com a mexicana Idesa. O acerto previa a construção de um complexo petroquímico de US$ 5,2 bilhões em Coatzacoalcos, no Estado de Veracruz. A presença de Lula daria um peso especial ao negócio, de grande interesse da empresa brasileira. Dois meses depois, nos dias 21 e 22 de fevereiro de 2010, Lula esteve no México para a 2a Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento. No dia 23, Lula teve uma reunião com Calderón, na qual o principal resultado foi a comemoração da assinatura do contrato entre a Braskem e a Idesa.
A caixa de e-mails de Alexandrino havia sido apagada, mas foi recuperada graças a uma investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, motivada pela Lava Jato. Os dados foram enviados à PF no início de março. “O e-mail supra aponta indícios de que Luiz Inácio Lula da Silva era incentivado a atender compromissos de interesse do Grupo Odebrecht ainda quando ocupava a cadeira de presidente”, diz o relatório da polícia enviado ao juiz Sergio Moro e obtido por ÉPOCA. O texto curto constitui um novo elemento na investigação sobre a suspeita de que Lula fez tráfico de influência para a Odebrecht – não só após deixar o cargo, mas desde que era presidente da República.
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