A dúvida diante do sexo do bebê que nasceu com os dois órgãos genitais, em Três
Lagoas, a 313 quilômetros de Campo Grande, finalmente acabou. Na visita ao
médico há pouco mais de um mês, exames apontaram definitivamente que a criança
é uma menina, segundo a madrinha, que prefere não se identificar para evitar a
exposição da criança. "Os exames mostraram útero e ovário. Foi um milagre.
Até os médicos choraram", afirma a mulher.
O bebê tem hoje quase 1 ano de idade. Desde 2015, a
mãe e a madrinha se empenhavam entre idas e vindas até a capital paulista em
busca de respostas sobre o sexo da criança. Por falta de tratamento em Três Lagoas, levaram por várias vezes o
bebê para consultas no Hospital das Clínicas de São Paulo.
As viagens eram a cada dois meses e custavam muito
para a mãe, uma jovem solteira de 24 anos que depende de programas sociais e da
pensão de outros três filhos pequenos. Durante esse tempo, a madrinha foi quem
se dispôs a ajudá-la e buscou apoio no município...
Gestação
A dúvida persistia desde que a criança nasceu. A
princípio, ainda na gestação, a mãe foi informada pelos médicos de que o mais
novo membro da família seria um menino. De acordo com a madrinha, foi por conta
de um ultrassom que apontou essa possibilidade que ela preparou um chá de bebê
"todo branco e azul".
Até então estava tudo conforme planejado, mas ao
nascer, os médicos verificaram que a criança tinha os dois sexos expostos.
Mesmo assim, com base em um exame que mostrou o que seria ovário e útero, a mãe
registrou o bebê como menina. O médico obstetra e coordenador da maternidade do
Hospital Auxiliadora, Valério Abud Chinaglia, que acompanhou o parto da
criança, disse na época que poderia se tratar de anomalia genética, situação
"incomum e pouco frequente".
Para manter a criança apenas com o órgão feminino
por meio de uma operação, a família foi buscar ajuda médica em São Paulo. Lá,
as dúvidas continuaram e levantou-se novamente a possibilidade de a criança ser
menino. Diante da situação, a mãe entrou em desespero. Ela e a madrinha
passaram a temer pelo futuro da criança. A madrinha dizia que sentia "medo
de a criança crescer e ficar confusa".
'Milagre'
Mas, foi no fim de novembro que "o milagre aconteceu"
em uma das salas médicas do Hospital das Clínicas. "Eram 18 médicos em uma
sala. Ninguém acreditava quando viu o resultado dos exames. Ficaram
preocupados. Olharam de novo e confirmaram. Uma médica chegou a dizer assim:
'lá em cima tem um doutor maior que nós'. Todo mundo chorou. Até eu",
relembrou a madrinha.
Com a definição, a menina deve passar pela cirurgia
de reparo em agosto de 2017. As dúvidas e o medo deram lugar ao sossego da
família que deve voltar ao hospital para nova consulta daqui a seis meses.
G1
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