Um ano após ter sido considerado emergência global pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em meio a um surto no Nordeste brasileiro, o vírus Zika volta a ser uma preocupação para pesquisadores.
A doença causada pelo vírus, a zika, raramente leva à morte, mas, em mulheres grávidas, pode causar malformações no feto – e foi ligada ao nascimento de milhares de bebês com microcefalia desde o segundo semestre de 2015, principalmente na região Nordeste.
Novas descobertas sobre o comportamento do vírus, divulgadas na revista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC), indicam que o Nordeste poderia ter um novo surto de grandes proporções ainda este ano.
“Havia uma percepção de que a maioria da população estaria imune ao vírus após o primeiro surto, mas agora isso caiu por terra. Devemos acender o alerta”, disse à BBC Brasil Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.
Até agora, os pesquisadores consideravam que, ao entrar em contato com uma população ainda não exposta a ele, o vírus Zika tinha a capacidade de atacar cerca de 80% das pessoas – o que significaria, em teoria, que a maior parte da população estaria imunizada contra um segundo ataque.
A estimativa, feita pela OMS e utilizada pelo Ministério da Saúde, se baseava em um estudo sobre o surto de zika nas ilhas Yap, na Micronésia que, segundo Brito, não parecia correto.
“Aquele estudo tinha muitas lacunas de metodologia e de amostra. Com base na nossa observação cotidiana dos casos já percebíamos que aqueles dados não eram coerentes.”
Uma revisão dos dados da epidemia na Polinésia Francesa feita por cientistas franceses e polinésios, mostra que, na verdade, o vírus ataca cerca de 49% de uma população no primeiro contato.
“Esse resultado significa que metade da população entrou em contato com o vírus e a outra metade ainda está exposta. O medo agora é que em 2017 ou 2018 possamos ter um retorno da doença para esses 50% que ainda não foram atingidos”, explica Brito...
UOL
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