JOSIAS DE SOUZA
Denúnciado pela força-tarefa da Lava Jato na terça-feira, Aldemir Bendini foi enviado por Sergio Moro ao banco dos réus nesta quinta-feira. O juiz da Lava Jato levou dois dias para destrinchar a denúncia. O Supremo Tribunal Federal acaba de converter em réu o senador Fernando Collor, que havia sido denunciado em 20 de agosto de 2015. O contraste ajuda a explicar porque o foro privilegiado virou um outro nome para impunidade no Brasil. Moro fez num par de dias o trabalho que o Supremo leva até dois anos para executar.
Sentados à direita de Deus, os magistrados supremos alegam que a Suprema Corte, sem vocação para julgamentos criminais, não pode ser comparada à jurisdição de Moro, que se dedica exclusivamente à Lava Jato. É verdade. Mas o Supremo não precisaria ser um Éden de criminosos. O julgamento do mensalão mostrou que sua bala de prata, além de aleijar politicamente, envia os corruptos direto para a cadeia. Se não pode manter o ritmo na Lava Jato, o tribunal faria um bem inestimável à sua reputação se remetesse os gatunos para a primeira instância.
A solução está ao alcance do plenário do Supremo. Basta acelerar o julgamento da ação que restringe a abrangência do foro privilegiado. Para que isso ocorra, o ministro Alexandre de Moraes, autor de um pedido de vista que retarda a apreciação da matéria, precisa abrir a sua gaveta.
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