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sábado, 19 de janeiro de 2013
O Telegrama...
O Juvenal estava desempregado há meses e foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista.
Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que ele tinha exatamente o perfil desejado, as virtudes ideais e lhe perguntou:
- Qual foi seu último salário?
- Mínimo.
- Pois se o senhor for contratado, ganhará 10 mil dólares por mês!
- Jura?
- Que carro o senhor tem?
- Na verdade,agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!
- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero! O senhor viaja muito para o exterior?
- Que nada! O lugar mais longe que fui foi pra Santa Cruz, visitar uns parentes, mas já faz tempo...
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, Tóquio. E lhe digo mais: o emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã à meia-noite o senhor não receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira com todas essas regalias que eu citei.
Juvenal saiu do escritório radiante: agora era só esperar até a meia-noite da 6ª feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.
Ele reuniu a família e contou as boas novas, convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa à base de muita música.
Sexta de tarde já tinha um barril de chope aberto...
Às 9 horas da noite a festa fervia, a banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta.
Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero...
A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pro lado dele.
E a banda tocava, o chope gelado rolava, o povo dançava!
Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro, gastara horrores para o bairro encher a pança, tudo por conta do primeiro salário.
E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.
Às onze horas e cinqüenta e cinco minutos, vira na esquina buzinando feito louco, um cara numa motoca amarela: era dos Correios!
A festa parou, a banda calou, a tuba engasgou, um bêbado arrotou, uma senhora peidou, um cachorro uivou, o chope esquentou, a mulher do Juvenal desmaiou!
'Coitado do Juvenal' era a frase mais ouvida.
A motoca parou!
O cara desceu e se dirigiu ao Juvenal:
- Senhor Juvenal Batista de Araújo?
- Si, si, sim, sô, sô, sou eu...
- Telegrama para o senhor...
Juvenal não acreditava: pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos.
Silêncio total, não se ouvia sequer o barulho de uma mosca!
Juvenal respirou fundo e abriu o envelope do telegrama tremendo, enquanto uma lágrima rolava, molhando o telegrama.
Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.
Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler...
O povo, em silêncio, aguardando a notícia.
Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava... então, abriu um largo sorriso de alegria, deu um berro triunfal e começou a gritar, eufórico:
- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe morreeeeuuu!
Blog do Senadinho
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